domingo, 6 de fevereiro de 2011

PRÁTICA DO ACONSELHAMENTO FARMACÊUTICO






INTRODUÇÃO

Os medicamentos constituem uma ferramenta poderosa para mitigar o sofrimento humano, porem seu emprego for destituído de informações básicas, pode levar a resultados inesperados que podem comprometer a saúde do paciente. A prática do Aconselhamento Farmacêutico não pode ser considerada apenas como a troca de mercadorias por receitas. Tão importante quanto o medicamento, a informação de como utilizá-lo cumpri um papel fundamental e nunca deve ser omitida. Observa-se atualmente que vários problemas de saúde têm sua origem relacionada ao uso inadequado de medicamentos. Este uso indevido pode levar a doenças indissiocráticas, manifestações de efeitos adversos, não adesão, ou o mau controle de uma enfermidade. Esta situação ocorre basicamente devido à omissão ou a erros durante a dispensação. Um erro de dispensação pode ser definido como a discrepância entre a ordem escrita na prescrição médica e o atendimento dessa ordem, ou a falta de complemento de informações importantes sobre o uso racional do medicamento. São erros cometidos por funcionários da farmácia (farmacêuticos, inclusive) quando realizam o Aconselhamento Farmacêutico de maneira inadequada.

Por meio de uma revisão de vários conceitos atribuídos ao Aconselhamento Farmacêutico e a análise dos termos empregados, é possível definir quais seriam os objetivos da Dispensação, qual a metodologia para empregá-la e quais os seus elementos básicos, tendo como base a o entendimento da farmacologia de diversos medicamentos.

Perante a análise das diversas definições atribuídas ao Aconselhamento Farmacêutico, alguns termos foram destacados por aparecerem com maior freqüência e por atribuírem idéias ambíguas, que dificultavam o entendimento do conceito de Aconselhamento Farmacêutico e qual a maneira de praticá-la e qual o seu objetivo. Os termos destacados foram:

Fornecer: Abastecer, proporcionar o necessário.

Entregar: Passar as mãos ou à posse a alguém.

Informar: Dar informe ou parecer sobre; comunicar; dar noticias..;

Orientar: Dirigir, guiar, caminhar junto. Reconhecer e examinar a situação.

Educar: Promover educação, desenvolver capacidades em outras pessoas.

É de observar-se que alguns termos destoam do principio básico da função farmacêutica em uma farmácia comunitária. Termos como fornecer e entregar dão uma idéia muito limitada da verdadeira função do farmacêutico no ato da dispensação. Dão-nos a impressão que a função deste profissional é apenas deixar o paciente abastecido de medicamentos ou simplesmente entregar uma caixa com medicamentos. O termo informar se torna muito amplo, pois a quantidade e a qualidade das informações dependem de várias circunstâncias. Um exemplo diz respeito aos efeitos adversos. Sabe que uma pequena parte destes efeitos possui risco real de manifestar-se. Muitos pacientes, ao serem informados sobre os efeitos adversos, acham que todos ocorrem na mesma proporção, o que pode dificultar a adesão ao tratamento farmacológico. Entretanto, os termos que mais se aproximariam da verdadeira função do farmacêutico seriam o orientar e educar. O segundo termo chama a atenção para o desenvolvimento de capacidades do paciente, como o auto cuidado, o segundo nos da uma idéia do objetivo da dispensação, que todo farmacêutico deve ter em mente, que é guiar, dirigir o paciente para uma meta, que no nosso caso seria o restabelecimento da sua saúde do paciente.

Deste modo, podemos definir que o objetivo do Aconselhamento Farmacêutico seria o restabelecimento da saúde do paciente, sendo que a forma de se alcançar esta meta seria através do uso de medicamentos. O farmacêutico então deve procurar meios de orientar seu paciente de forma a educá-lo, tornando-o capaz de utilizar corretamente os medicamentos, para que ele obtenha o maior beneficio possível que estes podem oferecer, proporcionando então resultados positivos na sua saúde

Tendo-se em mente qual o objetivo da prática do Aconselhamento Farmacêutico, faz-se necessário definir qual a maneira de praticá-la, como aplicar toda teoria aprendida na fase de estudo e transformá-la em resultados.

Para realizar a prática do Aconselhamento Farmacêutico, é necessário entender o uso racional dos medicamentos, e a maneira que os pacientes percebem os medicamentos. Trata-se do momento em que o farmacêutico passa a ter uma relação direta, face a face com o paciente. Neste momento seu objetivo é educar o paciente para que este obtenha resultados positivos em seu tratamento, o que se traduz em saúde. A não preocupação do farmacêutico com o paciente faz dele um mero vendedor.Sendo assim, este profissional passa a ter o compromisso, junto ao paciente, de reverter o quadro desfavorável em que o paciente se encontra.

A prática do Aconselhamento Farmacêutico requer primeiramente a observação de alguns parâmetros relacionados aos medicamentos e ao paciente, sendo os principais:

CARACTERÍSTICAS DOS USUÁRIOS DE MEDICAMENTOS

O uso de medicamentos é uma prática corriqueira, sendo que em alguns casos até abusiva. Sabe-se que a maioria dos pacientes tem noções sobre os medicamento, sendo que grande parte entende que eles servem para alguma coisa, possuem horários definidos para tomar; podem ser tomado com água, leite, junto com alimentos, causam alguns “efeitos colaterais” ou podem “atrapalhar o efeito de outro remédio”.

Porém, a maioria dos pacientes apresenta questionamento quanto ao uso dos medicamentos, que se não forem respondidas ou informadas, podem interferir nos resultados terapêuticos desejados. No geral, observa-se que a maioria dos pacientes:

O USO RECOMENDADO DE MEDICAMENTOS

O estudo dos medicamentos nos permite ter acesso a algumas informações que por sua vez devem ser trabalhados para que sejam úteis aos pacientes usuários de medicamentos. Quando se estuda farmacologia, observamos que os medicamentos apresentam certar propriedades, tais como:

O não entendimento destas propriedades pode levar a problemas de saúde vinculados a farmacoterapia, como não controle, ou o não alivio de uma enfermidade. Pode ocorrer o agravamento do quadro clinico do paciente ou intoxicações devido ao uso inadequado do medicamento.

A NÃO PRÁTICA DO ACONSELHAMENTO E IMPACTO NA SAÚDE

Muitas vezes, o paciente o desconhece a finalidade do medicamento. Não é raro o paciente associar que o antibiótico indicado seja para sua “dor de garganta”, deixando de usá-lo logo após que este sintoma desapareça, não cumprindo o regime terapêutico determinado. O tempo de uso também traz conseqüências, como no uso de antibióticos, já citadas, que pode levar a um quadro de resistência bacteriana.

Os efeitos adversos também merecem atenção especial, pois muitos são passiveis de atenuação, outros transitórios, e outros até mesmo evitáveis (como efeito rebote da clonidina, quando seu uso é interrompido de maneira abrupta).

O risco de interações deve ser sempre considerado, principalmente com os medicamentos de uso crônico com aqueles de venda livre. Trata-se de uma informação importante a ser passada para o paciente, para evitar descontrole de enfermidades como diabetes e hipertensão arterial.

O farmacêutico também deve ser capaz de realizar atividades na área da educação em saúde, informando sobre os tratamentos não farmacológicos, que irá auxiliar na terapia farmacológica estabelecida, e impedir possíveis interferências ou complicações do quadro clinico do paciente.

O que acontece é que um determinado problema de saúde apresentado pelo paciente pode ter surgido pelo uso incorreto de medicamentos. A ocorrência de muitas enfermidades está vinculada a farmacoterapia estabelecida, sendo em grande parte passiveis de prevenção pela prática adequada do Aconselhamento Farmacêutico.

COMO PRATICAR O ACONSELHAMENTO FARMACÊUTICO

O ato do Aconselhamento Farmacêutico, que tem com objetivo educar o paciente para que ele tenha o restabelecimento de sua saúde, deve ser praticado de forma que o paciente entenda que o medicamento a ser utilizado possui:

  • Finalidade: Serve para algo (controle da pressão arterial, alivio da dor...)
  • Posologia: Quantidade de comprimidos ou volume a ser tomado por vez,
  • Horário apropriado: A que horas tomar - junto ou não com refeições,
  • Tempo determinado de uso,
  • Reações adversas – atenuação,
  • Risco de interações,
  • Tratamento não farmacológico

Lógico que, dependendo da classe de medicamento, varias informações adicionais deverá ser repassada, para o alcance do objetivo proposto. Preparo de suspensões, uso de aerossóis, soluções otológicas entre outras formas farmacêuticas merecem atenção especial quanto à maneira correta de utilizá-los.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A prática da Dispensação de Medicamentos exige que o profissional exponha seus conhecimentos, e que analise cada situação em particular. O estudo deste trabalho apontou a existência de sete itens fundamentais (Finalidade, Posologia, Horário apropriado, Tempo de uso, Reações adversas e atenuação, Risco de Interações e Tratamento não farmacológico), que quando repassados ao paciente, impedem o surgimento de situações de morbidade relacionada aos medicamentos. Observa-se que a prática da Dispensação tem se tornado, em muitos casos, automatizada, não lhe atribuindo a dimensão técnica e cientifica que lhe é conferida. Desta forma, deve o profissional se empenhar nesta prática, pois sua omissão pode refletir muito na saúde de quem ele atende. Deve o profissional também sair do foco exclusivo do medicamento, da postura tecnicista e entrar no universo do paciente, afim de criar condições para que este entenda as informações, e possa usufruir das mesmas da melhor forma possível.

REFERENCIAS CONSULTADAS

1-FONTE GUIA, E. A.; et al. Uso indiscriminado de Medicamentos em Farmácias Brasileiras. Revista Brasileira de Medicina. São Paulo, SP. V.78, n.9/10,p.285,2004.

2-MIRANDA, L.Venda indiscriminda de medicamentos e riscos. Estado de São Paulo. São Paulo, 25 abr. 2003.Caderno Geral. P. A7

3-HEPLER CD. The third wave in pharmaceutical education: the clinica movement. Am J Pharm. Educ 1987;53169-85

4-KRYMCHANTOWSKI, A. V.; et al. Perfil de orientação, recomendação e venda de medcamentos para cefália em farmácias brasileiras. Revista Brasileira de Medicina. São Paulo, SP. V.59, n.10/11,p.705,2002.

5-OFICINA DE TRABALHO: “ ATENÇÃO FARMACÊUTICA NO BRASIL”.: TRILHANDO CAMINHOS”. Relacionados da Oficina de Trabalho, Fortaleza, 11 a 13 de setembro de 2001.

6-ORGANIZACION MUNDIAL DE LA SALUDE (OMS). Control y evolucion de los efectos secundários de los medicamentos. Informe del grupo del trabajo del CIOMS. Genebra, 1986:32

7-WORD HEALTH ORGANIZATION (WHO) the Role of the Pharmacist in Self- Care and Self- Medication. Repor of the 4 th WHO. The Role of the 4 th WHO coonsultive Group on the Role of the Pharmacist (WHO/DAP/98.13).

3 comentários:

  1. parabéns pela iniciativa blog, ótimos temas concerteza de grande importância bjo

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  2. Professor, adorei as informações! Parabéns

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  3. legal a iniciativa profº, deu pra estudar pra prova e tudo..
    parabéns

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