sexta-feira, 4 de março de 2011

O DESCARTE DE MEDICAMENTOS E O MEIO AMBIENTE - PARTE I

Os medicamentos vencidos ou as sobras de tratamento não podem ser descartados de qualquer maneira no ambiente, sem se ter maiores preocupações com o impacto que isto pode causar ao meio. Apesar de se ter legislações e regulamentações que apresentam como objeto a destinação adequada do produto, existem duas situações que ainda podem ser apontadas como preocupantes: o descarte inadequado feito pelos domicílios e o não cumprimento de determinações legais por autoridade publicas relativas ao descarte de medicamentos.

Em temos gerais, seria importantes estimar o risco a saúde e ao meio ambiente do descarte inadequado de medicamentos, considerando efeitos a médio e longo prazo, e criar uma conscientização neste sentido. O objetivo deste texto é justamente alertar para o risco em longo prazo, e refletir sobre possíveis ações de sustentabilidade neste sentido.

A questão do descarte inadequado de medicamentos nos domicílios é fomentada pelo hábito do estoque caseiro e pelo crescente consumo de medicamentos – tema abordado no texto “Promoção a saúde, o ambiente e a medicalização da saúde” (www.saudeambientebr.blogspot.com) – que aliada a questões como a não adoção da estratégia de fracionamento pelas drogarias e industrias, acabam por potencializar este risco ao meio ambiente e a saúde das pessoas de um modo geral.

Estudos apontam que as contaminações nos rios por medicamentos e seus derivados são pequenas e aparentemente sem riscos ao homem, mas os efeitos aos organismos aquáticos são reais, porem não conhecido em detalhes. Ainda se tem o risco de efeitos acumulativos dentro da cadeia de um ecossistema. Tem-se ainda o risco de contaminação fetal por ingestão de quantidades ínfimas e sem conseqüências a um adulto, mas que pode ser perigoso para um feto. Além destes fatos temos o risco de contato de microorganismos presentes na água com certos antibióticos que podem favorecer ao desenvolvimento de bactérias resistentes, e concentrações elevadas de hormônios que podem promover diversas alterações genéticas.

As indústrias farmacêuticas juntamente com as grandes redes de farmácias e drogarias poderiam contribuir para que tais problemas não fossem amenizados, via dispensação fracionada de medicamentos, via recolhimento de medicamentos. As indústrias e drogarias deveriam ainda ressarcir os usuários que são obrigados a adquirirem mais medicamentos que necessitam ou com validade muito próxima, e também fornecerem descontos na aquisição de novos medicamentos quando o usuário necessitar. Lógico que dentro de uma logística e organização viável.

Que o problema do descarte inadequado é real não se discute, o que é necessário agora é propor estratégias não só direcionadas aos usuários, mas também a toda cadeia produtiva dos medicamentos, adotando-se uma postura sustentável e que garanta as gerações de agora e as vindouras um ambiente mais saudável e uma maior consciência sobre o uso adequado de medicamentos e seu correto descarte.

Luciano Henrique Pinto
Farmacêutico e Professor Universitário

2 comentários:

  1. Olá Luciano, gostei muito de seu blog.
    Quanto ao assunto em tela, a solução,de fato, é a ação das VISAs.
    Mas e quando elas também não sabem?
    Se houver oportunidade, veja minha contribuição patra o tema.
    http://www.revbrasfarm.org.br/pdf/2009/RBF_R2_2009/pag_107_sumario.pdf
    Abraços

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  2. Oláa Dr Luciano,
    primeiramente, parabéns pelo blog!! Excelente iniciativa!
    Sou farmaceutica de um município do Sul do país, com mais de 500mil habitantes, e temos um grandioso problema com a coleta de medicamentos. Estamos utilizando nosso precioso espaço do estoque da central de assistencia farmaceutica para guardar, pois ainda não temos destino, e acho até injusto enviar tudo para a VISA, sendo que também não fomos informados que eles estão preparados para receber os medicamentos.
    Acho que ainda faltam empresas apropriadas para esse tipo de coleta seletiva. Vou ler o artigo que a colega sugeriu.
    Abraços,
    Fabi.

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